Terceira colocada na disputa presidencial, a senadora Marina Silva (PV-AC), se tornou o centro das atenções do país porque uma decisão dela em relação aos candidatos que disputam o segundo turno é capaz de influir no destino eleitoral de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
Após 16 anos morando em Brasília, a senadora abriu pela primeira vez as portas do apartamento funcional onde vive com a família para atender a um pedido de entrevista. O Terra presenciou-a lendo a Bíblia, arrumando gavetas, vasculhando estantes com livros e ouvindo o marido Fábio Vaz fazer a leitura de revistas e jornais.
Marina Silva não conseguiu conter a emoção e o choro ao lembrar dos ensinamentos da avó no Seringal Bagaço, no Acre, de onde saiu apenas com um saco de pano nas costas e poucas mudas de roupas dentro, para começar a sua trajetória como empregada doméstica em Rio Brnco, a capital do Acre. Após controlar o choro, a ex-seringueira assinalou que "a inteligência não pode ser desperdiçada em maquinar o mal, ainda que ele esteja presente e faça parte de nossa natureza".
"Eu fui fazendo escolhas aparentemente impossíveis. Você me pegou de surpresa ao fazer me lembrar disso e agora eu respondo: valeu a pena ter deixado aquela família, sem conseguir olhar para trás, adiando o choro dentro do ônibus até que ficasse escuro para que eu pudesse chorar e ninguém me visse chorando. Tudo valeu a pena porque hoje eu posso sorrir e dizer que aquelas lágrimas semearem muita esperança para mim, para minha família e para os ideais que eu acredito", acrescentou.
No momento da entrevista, Marina Silva estava particularmente saudosa de um pequeno tabuleiro com milhares de sementes da Amazônia, principalmente de açaí, mulungu e jarina, que usa para confeccionar as bijuterias que adornam seu corpo franzino mundo afora. Ela desenha cada "biojóia" e depois as executa num ateliê improvisado, que não permitiu fosse fotografado sob a alegação de que "está muito abandonado por causa da campanha".
Mas mesmo quando tenta voltar à rotina caseira e descansar dos estafantes meses de campanha, ela continua a refletir sobre a surpreendente virada política que a deixou com quase 20 milhões de votos no final do primeiro turno. "Agora é o momento de fazer uma espécie de desaceleração e de criar um espaço de reflexão, de conversas, de escutar e também de me escutar. O desafio é não sofrer de ansiedade tóxica, de querer puxar pra si, como se tudo isso pudesse se privatizado ou particularizado. O desafio é ver tudo isso que aconteceu como algo grandioso, que precisa ser investido, trabalhado, para que, de fato, esse embrião possa se estabelecer como uma terceira via", afirmou.
Leia a entrevista, gravada enquanto a menina do Seringal Bagaço ajustava colares usados durante a campanha eleitoral:
Após 16 anos morando em Brasília, a senadora abriu pela primeira vez as portas do apartamento funcional onde vive com a família para atender a um pedido de entrevista. O Terra presenciou-a lendo a Bíblia, arrumando gavetas, vasculhando estantes com livros e ouvindo o marido Fábio Vaz fazer a leitura de revistas e jornais.
Marina Silva não conseguiu conter a emoção e o choro ao lembrar dos ensinamentos da avó no Seringal Bagaço, no Acre, de onde saiu apenas com um saco de pano nas costas e poucas mudas de roupas dentro, para começar a sua trajetória como empregada doméstica em Rio Brnco, a capital do Acre. Após controlar o choro, a ex-seringueira assinalou que "a inteligência não pode ser desperdiçada em maquinar o mal, ainda que ele esteja presente e faça parte de nossa natureza".
"Eu fui fazendo escolhas aparentemente impossíveis. Você me pegou de surpresa ao fazer me lembrar disso e agora eu respondo: valeu a pena ter deixado aquela família, sem conseguir olhar para trás, adiando o choro dentro do ônibus até que ficasse escuro para que eu pudesse chorar e ninguém me visse chorando. Tudo valeu a pena porque hoje eu posso sorrir e dizer que aquelas lágrimas semearem muita esperança para mim, para minha família e para os ideais que eu acredito", acrescentou.
No momento da entrevista, Marina Silva estava particularmente saudosa de um pequeno tabuleiro com milhares de sementes da Amazônia, principalmente de açaí, mulungu e jarina, que usa para confeccionar as bijuterias que adornam seu corpo franzino mundo afora. Ela desenha cada "biojóia" e depois as executa num ateliê improvisado, que não permitiu fosse fotografado sob a alegação de que "está muito abandonado por causa da campanha".
Mas mesmo quando tenta voltar à rotina caseira e descansar dos estafantes meses de campanha, ela continua a refletir sobre a surpreendente virada política que a deixou com quase 20 milhões de votos no final do primeiro turno. "Agora é o momento de fazer uma espécie de desaceleração e de criar um espaço de reflexão, de conversas, de escutar e também de me escutar. O desafio é não sofrer de ansiedade tóxica, de querer puxar pra si, como se tudo isso pudesse se privatizado ou particularizado. O desafio é ver tudo isso que aconteceu como algo grandioso, que precisa ser investido, trabalhado, para que, de fato, esse embrião possa se estabelecer como uma terceira via", afirmou.
Leia a entrevista, gravada enquanto a menina do Seringal Bagaço ajustava colares usados durante a campanha eleitoral:
Do Terra
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